O que dizer desse livro? Adorei! É o segundo livro que leio
de Edgar Wallace. O primeiro foi A porta das sete chaves, que me introduziu no mundo
da ficção policial, e eu gostei muito, mas acho que O círculo vermelho é melhor.
Escolhi ler este, justamente porque é um dos livros mais
famosos do autor, embora ele tenha muitos livros famosos, que, inclusive, se
tornaram filmes. Gostaria de ler todos, mas são tantos!
Enfim, O círculo vermelho traz uma associação secreta de
várias pessoas que não conhecem umas às outras, mas que recebem dinheiro em
troca de fazer certo tipo de favor alguma ou algumas vezes.
“Uma associação de criminosos se especializa em chantagem contra pessoas ricas e influentes, e seu chefe é um indivíduo misterioso cuja identidade é desconhecida para seus próprios cúmplices. A investigação oficial está a cargo do inspetor Parr, que conta com o auxílio de um detetive particular, Derrick Yale, com faculdades quase sobrenaturais de percepção extrassensorial.”
Achei o personagem do inspetor Parr bastante interessante e
peculiar, quer dizer, ele não é o tipo bonitão-super-charmoso, ao contrário,
não é nada charmoso e, inclusive, bastante desacreditado por todos. Utiliza o
auxílio do detetive particular Derrick Yale, inicialmente, como uma forma de
ser melhor aceito e, posteriormente, como parte de seu próprio plano.
“Desenvolve-se, com a ação do livro, uma história de amor, não confessa, entre Thalia Drummond e Jack Beardmore. A solução do mistério do Círculo Vermelho se dá quase ao mesmo tempo da aceitação do amor entre ambos, com a mesma carga de surpresa. Por outro lado, Edgar Wallace compraz-se em fazer alusões veladas, dar sugestões como quem não quer nada, mas de tal modo embutidas na ação do romance ou no diálogo das personagens que podem passar despercebidas. Nisto se revela ainda a sua técnica e destreza na criação de ambientes e atmosferas. Esse tipo de sugestão, essas alusões em cortes de cenas, tem muito a ver com a linguagem do cinema. Edgar Wallace, ao morrer, era roteirista em Hollywood onde chegou a produzir uma obra que será sempre lembrada: é o autor do roteiro de King-Kong (1933), um dos clássicos do filme de terror. A técnica e a estrutura de O círculo vermelho não desmerecem o futuro roteirista. Com uma linguagem objetiva, sem floreios inúteis e de uma sobriedade que acentua os lances mais dramáticos sem cair no dramalhão, Wallace obtém um romance de crescente interesse.”
Quem escreveu essas partes entre aspas foi o tradutor desta edição que eu li: Fernando Py.
Gosto do romance que se desenvolve entre Jack e Thalia,
porque chega a ser engraçado. Na verdade, desde o princípio Jack parece mais o
coitado sofredor que não é correspondido e Thalia é a anti-heroína super-independente
que foi uma grata surpresa para mim. Isso porque, apesar de seguir o
estereótipo da mocinha, sendo linda e adorada por todos os homens, seu
comportamento não é da mocinha que precisa ser salva, e eu adoro isso!
Realmente não esperava encontrar essa personagem em um romance escrito em 1922.
Acho que esse foi o primeiro romance policial que eu
suspeitei da pessoa certa (kkkkkkkkkkkkkkkkk), mesmo assim aconteceram outras
revelações que eu jamais suspeitaria.
Gosto muito da narração do Edgar Wallace, porque é fácil de
acompanhar e de imaginar. Não tem aquele ritmo super acelerado estilo Dan
Brown, mas nos prende na história do início ao fim de forma divertida e
instigante. Sem contar que a resolução de tudo foi surpreendente.
Enfim, se você gosta desse tipo de leitura não perca tempo!
É um livro pequeno (225 páginas) que não precisa de mais páginas, pois a
história fica muito bem encerrada.